Lá vem a Aparecida

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Cida Borghetti – pronta para decolar? (foto: rtv – canal38)

O governador tucano Beto Richa vai-se embora em 6 de abril ─ mas voltará como senador, lá em Brasília, muito provavelmente (nem adianta se animar muito).
Com a renúncia tão aguardada quanto a vinda do Messias (não estou falando do Jair Messias Bolsonaro), em seu lugar fica a vice-governadora Maria Aparecida Borguetti Barros, a impopular (no sentido de dão feder e nem cheirar politicamente falando por enquanto) Cida Borguetti.

A vice-governadora pepista em vias de se tornar a titular terá praticamente nove meses para fazer nascer, com muita propaganda & distribuição de cargos & reza braba uma liderança política capaz de superar Ratinho Júnior, Osmar Dias e talvez Roberto Requião na eleição de outubro, quando os paranaenses escolherão um novo (ou um velho) governador para os próximos quatro/oito anos.

Nove meses é o tempo normal do nascimento de uma criança, bem sabemos. E o pai & criador & arquiteto & tutor dessa criança chamada candidatura Cida Borguetti é o primeiro-marido & futuro ex-ministro da Saúde & palpiteiro supremo, o primeiro e último Ricardo Barros, um político que leva em seu peito o padrão Temer de qualidade. Com a chegada da mulher ao poder, Ricardo Barros conseguiu o que sempre sonhou: ter oficialmente um estado só para chamar de seu, ou melhor, de sua digníssima esposa. Ainda que seja inicialmente por apenas nove meses, é a oportunidade de ouro para eles mostrarem para o que vieram ─ e por que querem ficar.

Cida Borguetti por ora é uma desconhecida do zé povil. Saíssemos com ela hoje na rua XV, a turma pensaria se tratar de uma revendedora da Mari Kay, sósia da Rosemirian do Feirão do Pinheirão ou apenas uma madade dessas da alta sociedade que dá uma moeda para um pobre qualquer e voilà, fez-se a tão apregoada distribuição de renda nacional.
Ela terá, a partir de sete de abril, a oportunidade de mostrar o seu valor. Ex-deputada federal e estadual, Cida tem a chance ao paranaense que não é mais um sorriso branco & bonito & fluorizado no mar de banguelas.

Mas a versão feminina do ator Herson Capri (maldade, heim!) deve se precaver e não aceitar que o maridão queira mandar em nome dela, ainda mais nesses tempos de empoderamento feminino e etc. Se ficar a menor impressão de que Cida é um mero fantoche do Ricardão, as chances de vitória (sim, é um trocadilho) na eleição são abaixo de zero.

E para excelentíssima senhora doutora governadora Cida Borghetti, que dizem chegará ao poder com o nome Maria Aparecida, pois Cida não fica bem nos documentos oficiais e para a posteridade, lá vai um conselho primordial, o qual eu deveria ter cobrado: Maria Aparecida, futura governadora, não nomeie de jeito algum, nem que isso gere um trauma familiar, seu irmão, o Homem de Cro-Magnon Juliano Borguetti em nenhum cargo do Estado do Paraná, seja de primeiro, segundo, vigésimo terceiro escalão, pois a chance do rapazote com resquícios de Peter Pan se tornar uma chateação, vide o histórico do ex-vereador curitibano e ex-um monte de outras coisas, é de mais ou menos 1.597.914,07% segundo o Paraná Pesquisas.

Para finalizar, como diria o Golias, “Ô Cida, presta atenção!”. Pensando bem, não era isso que o humorista falava, mas em um texto que fala de política não dá para pedir coerência nem compromisso com a realidade.

Agnaldo contra o sul: caso encerrado

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Agnaldo Timóteo e o ex-deputado estadual e cantor Kleiton Kielse

A paz volta a reinar entre o sul maravilha e o maravilhoso Agnaldo Timóteo.

O cantor pediu perdão pelas barbaridades proferidas contra gaúchos, catarinenses e nós curitibanos, sem dúvidas o melhor povo não só do sul mas entre todas as demais regiões do país ─ no entender das madames do Batel e arredores.

O artista foi humilde e percebeu rapidamente a bobagem cometida, ainda que, como já escrevi anteriormente, ele tinha & tem & terá sempre (garanto até as eleições) a liberdade de dizer aquilo que lhe passar pela cabeça e/ou intestino.

Teve gente que perdoou o erro de Agnaldo, pois entende que as pessoas podem ter seus dias de pitadas de psicopatia, como diria aquele supremo ministro.

Já outras, talvez confirmando parte das palavras de Agnaldo, não querem perdoá-lo coisa nenhuma. Falou tá falado. Suas desculpas seriam mentirosas, medo de ser processado, espancado, ter os discos destruídos em praça pública etc.

A Câmara de Vereadores de Curitiba até começou a trabalhar em um projeto de moção de repúdio contra (obviamente uma moção contra; existe repúdio a favor?) Timóteo, no calor do momento, para fazer de conta que está preocupada com a reputação da cidade ─ e principalmente dos nobres vereadores.

Enfim, vamos nos preocupar com problemas de verdade, tais como o transporte público, a violência, os baixos salários dos juízes, o time do Coritiba.

E como forma de colocar um fim nesta celeuma envolvendo a estrela da música popular & romântica & brega, proponho uma singela homenagem da capital paranaense ao digníssimo Agnaldo Timóteo: batizem alguma rua com esse belo nome.

O leitor mais espertão já percebeu a ironia.

Agnaldo Timóteo vs Curitiba OU a liberdade de expressão deve ser livre não importa o quão burra seja a referida expressão

 

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Agnaldo Timóteo está de bad com os curitibanos & catarinenses & gaúchos. Segundo ele, essa gentalha é preconceituosa, mesquinha, babaca porque não sai às ruas, não se chicoteia, não pega em armas, não faz pissirica nenhuma em defesa do ex-presidente Lula, a cada dia mais perto de ver o sol nascer quadrado – se o sol aparecer em Curitiba, sabem como é…

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É, Agnaldo Timóteo está decepcionado com o sul. Por isso deu seu grito de revolta nas redes sociais. É impressionante vê-lo nervoso, não? Todo o seu vozeirão, tão conhecido por cantar aquelas músicas famosas que me escapam justamente agora, parece um trovão (com uma desafinada ou outra, afinal a idade é traiçoeira) clamando por justiça na ânsia de salvar o bom amigo Lula da injustiça da lei.

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Não podemos enrustir o seguinte fato: Agnaldo Timóteo é amigo dos amigos, e não os abandona nos momentos difíceis. Se em sua carreira política foi traído por muitos, sempre deu a sua palavra na defesa das minorias. Inclusive há uma história, não sei o quão verídica é, que o PT pensou em lançá-lo presidente no lugar de Dilma, em 2010. Seria uma aposta arriscada, sem dúvida alguma, mas que poderia ser um marco ainda maior do que a eleição da primeira mulher para comandar a nação. Afinal, Agnaldo Timóteo seria o primeiro presidente afrodescendente, o primeiro presidente cantor, e o primeiro presidente natural de Caratinga.

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Está claro que Agnaldo Timóteo não tira o chapéu para Curitiba. É a opinião dele, poxa. Não sei a razão de tanto rancor da curitibanidade diante de um simples desabafo. Não precisamos concordar com tudo que os outros dizem, não é mesmo?

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Por exemplo, eu acho o Agnaldo Timóteo maior & melhor & mais bonito que o Elvis. E daí, problema meu.

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Mas se você pensa diferente, ok. É até gozado a turma pegar pilha de alguém que, no seu entender, já estava morto. Gente do céu, se você acha que o cantor é um babaca, um preconceituoso, um imbecil, tudo bem. E se ele é tamanha titica para você, não há nenhum problema dele falar o que bem entender, porra!  Deixa o homem ser livre!

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Os tempos são turbulentos, realmente. Ninguém aceita opiniões diferentes das suas. Olha aí essa foto antigo do Agnaldo Timóteo na escadaria da UFPR. Que beleza! Imaginem se ele resolve fazer isso hoje, que confusão seria! Era capaz de ser coberto de pau.

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Irmãos brasileiros, precisamos nos unir. Chega de sul contra norte, PT contra PSDB, 5 contra 1, bolsonistas contra os outros, Apple contra Samsung etc. Nessa briga de elefantes quem sai pisoteado é a grama. Vamos todos convergir nossos pensamentos na busca de um Brasil mais justo, cantando uma bela melodia de Agnaldo Timóteo, de braços dados, apagando as rusgas do passado confraternizando-nos na maior alegria:

 

A Praça do Japão também é do povão!

Durante três séculos o Japão fechou-se para as nações estrangeiras. Os líderes locais, os famosos xoguns, entendiam ser o mundo exterior composto de bárbaros que destruiriam a riqueza & cultura & estabilidade locais. Quem não foi embora por conta foi transferido sumariamente para debaixo da terra…

Muito tempo depois (a história sempre se repete) os habitantes da Praça do Japão abraçam-na coletivamente em defesa das árvores, da ordem, da tradição e dos bons costumes, querendo longe deles o ônus e os ônibus da implantação do ligeirão norte-sul.
Consideram uma barbaridade uma pequena mudança na Praça ─ ou pelo menos é a justificativa que não pega tão mal.

A impressão geral é de que não estão preocupados com as árvores, gramados, queros-queros (é assim, Pasquale?) e fontes supostamente prejudicadas com as mudanças ─ a prefeitura garante que tudo isso continuará nos mesmíssimos lugares.

Não querem o povil que mora longe & ganha pouco & não usa roupa de marca dividindo espaço com os representantes da elite curitibana em desfile pela região do Batel & Água Verde em seus carrões, mulherões e cachorrinhos.

Sorte Curitiba contar com Rafael Greca, que se perfaz de Matthew Calbraith Perry (vejam no Google – eu ia pegar de lá mesmo) e lidera uma esquadra pela capitulação da restrição ao progresso – forcei a mão, heim… ─ garantindo ao cidadão curitibano o direito de ir e vir e parar com o ônibus onde bem lhe entender.

Gente, quando o Greca está com a razão em uma situação, é porque o outro lado da contenda é muito ruim…

Dá um troço esquisito nos dedos escrever que o prefeito faz bem em peitar os protestos da beautiful people da Praça do Japão, mas devemos ser justos ─ tão justos quanto os ternos do próprio Rafael.

Aos moradores da Praça do Japão restam três alternativas à realização do eixo norte-sul:A primeira é aceitar a convivência com o resto da cidade, pois as ruas & calçadas & praças são de todos, não importa o contra-cheque.

A segunda é vender seus imóveis na região e se mudar para Mônaco. Ia falar Estados Unidos mas lá também existem pessoas pelas quais não nutrem as melhores emoções humanas.

A terceira, ah a terceira, nem preciso dizer. É isso mesmo, impróprio para menores de 18 anos…

“O que é bom pras pegadeiras é bom para o Brasil”

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Charles Wilson, ex-presidente da General Motors lá nos EUA, certa feita veio com a conversa “do que é bom para a GM é bom para os Estados Unidos”. Em seu afã em garantir um futuro bem rico e gostoso para as concessionárias do pedágio (empresas acima de quaisquer suspeita ─ na Finlândia), prorrogando de cinco para quatorze anos o prazo de realização de importantes obras nas estradas por elas embolsadas, o nosso (para nooooooossa… tristeza) deputado emedebista (cadê o P?) Sérgio Souza, sempre capitaneando uma turma que esquece estar em Brasília por conta do voto popular (estarão trabalhando por outra conta? Serei eu um ingênuo?), dá a impressão de que daqui a pouco usará da palavra no plenário da Câmara dos Deputados para perolizar sua defesa intransigente dos concessionários pedageiros com algo como “o que é bom para as pegadeiras é bom para o país” ─ e por consequência para o povo, os pobres, o diabo etc. Só que, pensando bem, lendo bem direitinho as entrelinhas da MP fabricada pelo governo “ao gosto do freguês” tendo o nosso SS na relatoria, a gente fica com uma estranha sensação: será, eu pergunto será que há alguma motivação diferente para o deputado Sérgio Souza defender com tanto afinco os interesses das empresas, sendo esses diametralmente opostos aos interesses de quem, na teoria, deveria ser defendido e representado no Congresso Nacional?

Ex-vereadores em atividade querem décimo terceiro retroativo porque sabem que podem ficar sem mandato quando a lei estiver valendo!

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Se jogarmos pérolas aos porcos, eles quererão a mão, o dedo, o anel de ouro, o Rolex… – provérbio armênio

Depois de o STF decidir que a nobre vereança tem direito a décimo terceiro salário, pois são trabalhadores como todo mundo, onze edis e mais três ex-representantes do povo curitibano querem & requerem & babam pelo recebimento retroativo da bolada, mais ou menos uns 60 mil reais – Taboão, né?
O problema é que a turma da capa preta sentenciou que o direito é para quem estiver vereando lá em 2021, portanto após a próxima eleição municipal.
Eis o cerne central, diria o jornalista redundante, de os vereadores curitibanos correrem atrás do lucro (pois quem corre atrás do prejuízo é bem bobão) enquanto podem – e mandam na Câmara Municipal e em seu presidente maleável & competente como um bonecão de posto.
Muito bem sabem os portentosos Beto Moraes (para não negar o sobrenome), Bruno Pessuti (idem), Cacá Pereira (melhor sem acento no nome), Colpani (o humorista Marquito da CMC), Geovane Fernandes (non conosco), Jairo Marcelino (que é igual o vinho), Julieta Reis (não poderia faltar), Toninho da Farmácia (a saúde vai bem?), Rogério Campos (sem comentários), Tito Zeglin (citado por Rui Barbosa em um aforismo popular), e Sabino Picolo (ma un grande buffone) que podem ser demitidos pelo cidadão curitibano no pleito de 2020 por atitudes como essa de, tão incomum na classe política (sqn), gastar lábia & tempo & neurônios (se os possuírem) em um assunto que só importa aos próprios nobres e gordos bolsos, os quais, cá entre nós, não dá para dizer que andam vazios como os da maioria das pessoas que os alçaram à função legislativa.
E como político não recebe FGTS (por enquanto…) e nenhuma indenização pelo chute eleitoral levado na bunda, é melhor os onze garantirem esses sessentinha caso comecem 2021 sem um mandato para chamar de seu.
Deus e o Diabo os eleitores queiram que, desses onze pidões, a maioria não consiga retornar ao Palácio Rio Branco na próxima legislatura (gostaria que todos fossem defenestrados da função mas tens uns ali que o povo vota não importa o mal feito), fazendo companhia a outros ex-vereadores, verdadeiros Três Patetas que na maior cara de Pinóquio também querem o faz-me-rir retroativo – falo de Airton Araújo, Zé Maria e Tiago Gevert, nomes dos quais ninguém sente saudade na política municipal e que nem fora de mandato deixam de incomodar o nosso sacro existir.
É, com esse nível de vereadores, com esse nível de preocupações, com esse nível de picaretagem, a gente entende a razão de nossa Curitiba estar nesta desgraça.
Dizem os vereadores e seus advogados ser legal o pedido, dirá o leitor atento às desculpas dadas pelos vereadores e seus advogados. Legal é ganhar na loteria, cazzo! O décimo terceiro retroativo é sacanagem, tal qual o auxílio-moradia da juizada, mas disso eu falo outra hora.

Cena brasileira

Vejo o bacana estacionando a Mercedes zerada na vaga para deficientes. Tolamente indago o “doutor”: “Ei! Parando o carro em lugar proibido! Não tem vergonha de estar desrespeitando a lei?” Então salta do carro como um acrobata chinês (tinha cara de europeu e era forte o bicho, já me vi levando umas porradas tão comuns nas discussões vulgo humanas envolvendo o bicho-trânsito), não demonstrando qualquer problema físico que me deixaria em maus lençóis da Pernambucanas porque supus alguma irregularidade na cena só porque o carro (e que carro, senhores leitores) não tinha indicação nem adesivo de (vamos nos adequar ao politicamente correto) portador de necessidades especiais. “Meu querido,” (respondeu-me com o sorriso comum aos canalhas & políticos e políticos canalhas, numa calma dalailamiana, convencendo-me com o seu olhar de quanto ele estava certo e quanto eu deveria ter vergonha de tê-lo indagado daquela forma vulgar, e quiça de ter nascido), “como é que você acha que eu cheguei aonde cheguei?”. Mais verdadeiro e brasileiro impossível.